sábado, 5 de junho de 2010

Saudades da Kátia Flávia!

Há um bom tempo queria buscar algo emblemático e ao mais tempo divertido que simbolizasse o período dos meus 20 e poucos anos. Já sei que todo mundo sempre fala em Legião Urbana, Barão Vermelho (com Cazuza), Titãs (completo) e até do Paralamas com uma pitadinha de Capital Inicial!

Entre 1986 e 1988 foi a minha descoberta intelectual! O teatro, a música, o cinema mostravam um colorido que o final da ditadura militar selava meu momento de entrada na vida adulta.

A princípio meu querido amigo Décio (um grande par intelectual) e nossas namoradas da época, a Mônica e a Iolanda formávamos um quarteto de intensa vivência numa cidade que se mostrava pulsante aos meus olhares sedentos por absorver o mundo. Eram exposições, a proximidade com o CPT e o Antunes Filho, a apresentação inebriante de Kazuo Ohno, o concreto de Décio Pignatari (coincidência de nomes), oficina de texto com Paulo Leminski (um presente em minha vida), projeto Arte-Door com poema meu e arte da Mônica), A Fábrica do Som (no SESC Pompéia), os corredores da TV Cultura, o Bar Barô (na Benedito Calixto), o Radar Tantã da Dedé Veloso (a eterna ex do Caetano). Tudo era motivo para celebração de vida! Deveríamos ter celebrado muito mais... merecia pela riqueza disso tudo!

O videoclip era um projeto em tubo de ensaio do que teríamos em termos de comunicação tecnológica. Tudo isso bem antes de MTV e nem rabiscos de Internet. O “Fantástico” da Rede Globo (putz) era o palco dessa nova expressão!

Numa dessas noites fomos assistir uma  peça com uma talentosa atriz que ainda era novidade nas telas das novelas, mas que parecia muito plugada nesse momento que passávamos. A montagem era quase um videoclip no palco e conta as histórias de “Ataliba, a Gata Safira”. Débora, em um monólogo fazia Ataliba que era uma tresloucada que contava suas aventuras em um ritmo alucinado. Suas falas davam a impressão que iria perder o fôlego. Num momento engraçadíssimo, Ataliba contava seu suposto romance com Mick Jagger em uma época que com certeza nem Luciana Gimenez imaginaria tal feito. De repente, ela sentou em meu colo e continuou parte da peça ali mesmo.

De quem era o texto? De Fausto Fawcett, amalucada figura do teatro carioca que ficou conhecido pelo hit “Kátia Flávia”. E então fui buscar essa imagem no bom Youtube e essa estética meio tosca me fez lembrar dias tão gostosos. Vale lembrar. E o quarteto? Bem, sei que a Mônica mora bem perto de mim! Mas a vida nos levou a outros caminhos. Iolanda soube por outros que abandonou o teatro. O Décio perdi o contato.... sei que esteve em São Tomé das Letras. Casou teve filho e descasou novamente. Passou por Fortaleza, soube que morava aqui perto no litoral, em São Vicente! Que o calor que senti no coração chegue até vocês...

Com vocês essa síntese divertida de minhas lembranças....