terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Seniorização nas empresas, simples opção ou decisão estratégica?


A palavra seniorização não está dicionarizada, mas tem seu uso cada vez mais utilizado e já é um neologismo na língua Portuguesa.  Seu significado - que poderia ser considerado o mesmo que envelhecimento - passou a ser expressão para sintetizar a acumulação de anos de experiência de um profissional cada vez mais valorizado nos quadros de colaboradores de uma empresa.

O mundo corporativo é cruel quando institui 10 anos como arquétipo do período de melhor validade profissional. Em breve análise, estipula-se que antes dos 30, o profissional está em formação e após os 40 entra em uma inevitável decadência. Não é raro “uma boa torcida de nariz” até para CEOs que ultrapassam os 50 anos. Seria algo como pressentir um perigoso aroma de naftalina em um executivo que começa a ser percebido equivocadamente como ultrapassado.

O mundo tecnologicamente modernizado parece não aceitar seus erros e desvios de análise conceitual. Ao invés de admitir uma falha nessa interpretação cronológica, corrige a interpretação errônea e cria mais um desses modismos de momento. Nesse cenário, os executivos seniores passaram a ter seus papéis revisados em organogramas e fluxogramas, pois por planos de demissão voluntária ou simples desligamentos, suas ausências tornaram-se uma ameaça à gestão de conhecimento. Cresce assim, a valorização ou comodismo em buscar nesse time quase expelido do mercado de trabalho, um suporte que os intitulam/rotulam conselheiros e assessores.

Mas não seria todo esse movimento uma enorme falácia? As agências de propaganda, que sempre foram ousadas e pioneiras em gestão de pessoas, estão inovando mais uma vez. Grandes representantes desse setor contratam em profusão estes profissionais de cabelos platinados para assegurar a eficiência de seus times. No time dos criativos, conseguem ser o diferencial dessa geração com raciocínio binário. A diferença da criação na mente humana surge da dúvida, do questionamento e não da certeza vapt-vupt de julgamentos ralos de redes sociais. Os compradores de mídia também precisam entender que os seniores tem competência para entender em profundidade audiência e não apenas interpretam planilhas. Os planners conseguem grandes soluções originais ou customizadas para as necessidades dos mais variados negócios, graças ao seu histórico vivencial e bem longe de soluções de gavetas ou de consultas inseguras aos livros que ainda são usados com postura universitária. Embora se fale muito do conceito de humanização, creio que só quem passou dos 50 tem mais facilidade para entender uma empresa como um ser vivo e em evolução. São profissionais que valorizam o estudo de sua cultura organizacional como algo similar aos exames de imagem que hoje descobrem qualquer enfermidade no corpo humano.


Nas rotinas desses seniores atuantes, surgem muitos elogios com as seguintes frases: “você tem sempre novas ideias” ou “você tem novas ideias todos os dias”. Nitidamente, estes são elogios que seguramente os envaidecem. Porém, devemos compreender como algo bem distante da genialidade iluminada. O mais provável é que essas novas ideias são muitos simples e apenas consequência de anos de boa experiência profissional acumulada e que  se concretizam em ações eficientes. Obviamente existem profissionais de variados níveis com competências e habilidades específicas. Banalizar a reinserção inteligente desse grupo no mercado de trabalho é uma difícil estratégia e os resultados da já comum seniorização podem ser surpreendentes.