Escrever é algo orgânico para mim. É bem curioso e desde
muito cedo lembro de gostar de escrever. Cartas, redações na escola, poemas,
contos, discursos, anúncios publicitários, relatórios, bilhetinhos e até
organizar meus pensamentos... tudo sempre foi melhor escrevendo!
A dramaturgia está presente nas minhas produções há uns 17
anos, no ano passado tive a emoção de ver ENTRE RIOS tomar corpo nos palcos. Um
projeto grandioso construiu a possibilidade virar uma montagem de grande porte
(http://rubensjr.ato.br/entrerios)
e em breve será concretizada.
Senti a necessidade de criar uma história menos conceitual e
recheada de um realismo contagiante. Quis escrever uma história dessas que as
pessoas se identificam, são tocadas,
Lisboa |
Trem Porto-Lisboa |
Alguns dias passaram e não tinha motivação e nem tempo para
escrever, afinal.... férias é bom para a cabeça relaxar. Fui para o norte de
Portugal e alguns dias por lá... senti que iria começar a qualquer momento. No
trem voltando a capital Portuguesa, eu comecei a escrever. E contrariando tudo
que já fiz... o título saiu. Afinal, eu estava A CAMINHO DE LISBOA. Em cerca de
duas horas, as três primeiras cenas
estavam prontas. Vou ao encontro de meu anfitrião e propus ler este início de
criação. Li. Perplexo, o meu amigo questionou se tinha escrito durante a viagem
de trem. Respondi que sim. Calado ele ficou curioso ao extremo e me enchendo de
elogios quis saber como a história continuava. Expliquei para onde os fatos
caminhavam e ele continuou com elogios.
Eu tinha ansiedade por terminar o texto, mas eu já estava
com passagens para Madri. As férias continuavam e eu não imaginava como seria
meu processo de criação. Durante duas
noites entre uma saída e outra, entre
copos de sangria, sanduíches de jámon e tortillas... escrevi mais duas cenas.
Ainda em Madri, eu lembrei de algo fantástico. A volta para São Paulo
significava 9 horas de voo diurno. Perfeito. Não poderia ser melhor.
Ruas de Madri |
Já dentro do avião... o universo conspirava. Em um bloco de
4 passageiros, eu estava sozinho. Serviço de bordo. Um filmezinho para
descontrair e.... quase 2 horas voando... Pensei então: vamos lá! Foram cinco
horas ininterruptas. Que sensação de prazer ver cenas sendo montadas e os
conflitos entre personagens definidos. Desembarco e uma cena concluiria o
texto.
Aguardei uns dois dias para me livrar do “jet lag“ e em
menos de uma hora... o texto finalizado. E o mais divertido. Acabando de chegar
eu tinha nas mãos A CAMINHO DE LISBOA eternizado. Diretor convidado, elenco
escolhido e agora é fato... dia 13 de setembro, e apenas três após a citada
viagem de trem e a estreia acontecerá. Um aprendizado enorme e pela primeira
vez meu fluxo criativo foi controlado, domado e conduzido. Escrever é orgânico,
porém tenho certeza agora de que também esse prazer só meu pode ser produtivo
sempre. Que venham outros caminhos e outros textos.
https://www.facebook.com/a.caminho.lisboa |