terça-feira, 27 de março de 2018

Quer seu primeiro emprego?

Já tem 21 anos que comecei uma jornada muito interessante no Ensino Superior. Por razões familiares me distanciei um pouco do mundo acadêmico em 2015 e confesso que tenho muita saudade. Era uma situação pontual que tornava inviável manter essa atividade junto à minha atuação como executivo no mercado profissional de comunicação e marketing. Exerci a função de coordenação de curso e até de direção em uma instituição de ensino superior.


Interagir com jovens que pretendem seguir a mesma carreira profissional que a sua é no mínimo estimulante! Nem tudo é um mar de serenidade. Existem conflitos equivocados, mas na minha lembrança a grande predominância são momentos agradáveis e plenos de evolução e aprendizado de ambos os lados professor e aluno. Foram inúmeras turmas com estudantes de diferentes classes sociais e faixas etárias. Todos os perfis: os folgados, os nerds, os malandros, os divertidos e engraçados, os sedutores, os xavequeiros e por aí vai!

Hoje com pelo menos três gerações de profissionais espalhados no mercado, eu percebo que o cada um foi em sala de aula comigo repete agora no mundo da realidade profissional. Outro dia ainda, uma jovem profissional - de uma área diferente da minha – dentro dessa proposta aqui do LinkedIn de aconselhamento falava que era formada em uma universidade pública e que não conseguia emprego na sua área. Pedia então ajuda em como se apresentar ao mundo corporativo em busca de uma oportunidade. Com muita sinceridade e respeito envie a seguinte resposta:  “Veja só! Todo início de carreira é árduo mesmo. Eu digo que a sinceridade está acima de tudo. Ofereça, por exemplo sua vontade de aprender, sua dedicação e disponibilidade. Use como argumentos temas que foram ensinados na Universidade e os quais você se saiu bem. Se você teve um bom trabalho de conclusão de curso fale sobre esse processo. Leia tendências no mercado, artigos.... fique atualizada, converse para mostrar seu potencial. Uma boa ideia é uma carta de recomendação (ou aqui no LinkedIn) de algum professor! Não desista! Sua hora vai chegar! Sucesso!”

Imaginei ali, o início de uma conversa. Estabelecer network básico. Mas a resposta foi lacônica: “Obrigada.” Pensei em dar continuidade e dizer que agora entendia a dificuldade dela. Talvez não se orgulhasse de seu TCC – Trabalho de Conclusão, ou não dominava nenhum assunto estudado, ou por fim não tinha um professor que a recomendasse! Triste!

Maturidade: passaporte para liderança

Quando bem mais jovem, eu imaginava que maturidade era um estágio de nossas vidas a ser alcançado. Já na faixa dos 40, eu percebi que maturidade era um processo constante e em evolução. Esse processo não tem relação direta com faixa etária, mas sim com o processo de estar preparado e seguro. São muitos focos como: maturidade emocional, maturidade sentimental, maturidade de convivência familiar e social, maturidade política, maturidade profissional e até maturidade de vivência corporativa, que o que vamos abordar.

Accountability é o termo que define um novo conceito já utilizado em todo mundo e que está se disseminando por todo Brasil. Este conceito entende competências que reestudam a visão de poder. Os novos líderes de sucesso passaram a ser aqueles que não temem assumir erros. Eles não se preocupam e até estimulam que suas equipes se desenvolvam para serem melhores do que eles mesmos. Um dos maiores especialistas neste tema, Jonathan Raymond em entrevista na Revista Você S/A diz que, “em uma nova estrutura organizacional, o líder é o maestro de uma sinfônica. Sua função não é impor o poder, mas compartilhar a responsabilidade com todos”.

A maturidade não segue necessariamente um paralelo com a cronologia da vida humana. Claro que existem precoces e tardios, porém devem ser tratados como exceção. O desejável seria que os jovens líderes estivessem plugados nestes conceitos da mesma maneira que ainda trazem com muito frescor os conteúdos adquiridos em salas de aulas e nas discussões de mercado. A imaturidade em geral traz certa arrogância e prepotência que dificulta alguns destes promissores e esforçados talentos assumirem seus erros. A vaidade não os permite entender essas auto avaliações como parte de um aprendizado de vida, evolução nas suas carreiras e também como solidificação de status profissional.

A expressão accountability surgiu no setor público dos USA, quando a transparência foi exigida como prestação de contas clara e para responsabilizar governantes por seus atos. E já no final da primeira década do século XXI, ganhou força durante a crise econômica. Até então os conceitos de responsabilidade e culpa se confundiam, e os erros muitas vezes eram escondidos nas gavetas, o que além de ocultar os fatos impediam a evolução de empresas e profissionais. Essa nova postura cada vez mais exigida fez com que todos se reciclassem. É muito importante entender qual a responsabilidade tanto de líderes quanto de liderados, pois se as posições são claras, não há porque procurar culpados e desculpas por falhas que já são sempre esperadas em qualquer processo profissional. Pensar em um mundo corporativo infalível, além de utópico não é nada inteligente.

A maturidade profissional e corporativa é o grande catalisador que garantirá o sucesso. Não adianta nada querer explicar aos outros quais são seus papéis se não soubermos quem somos nós e nossa função nas organizações e como nos inserimos em seus objetivos estratégicos. Por mais que novas ideias surjam, a maturidade nos assegura compreender que toda empresa é viva e tem sua história, crenças e valores (mesmo que equivocadas) que precisam ser trabalhadas, mas acima de tudo respeitadas. Bons líderes percebem e administram o clima organizacional a seu favor. E é a maturidade também, que transformará estes jovens profissionais mais do que chefes em verdadeiros líderes.

Marketing 4.0 – o UAU e a sociedade

Em tempos turbulentos no planeta, o mundo capitalista percebe pelo marketing, muitas das mudanças que a sociedade impõe. Philip Kotler é ainda o grande nome como referência acadêmica e de mercado para uma legião de seguidores dos seus estudos e teorias. Mas, o fato é que das visões 1.0 - orientada ao produto e, 2.0 – focado no consumidor e quando traduziu nos primeiros anos do século 21 a visão do 3.0 – centrada no ser humano, o marketing se reinventou. Tudo que parecia ser só produção e consumo passou a entender a sociedade que muda e se faz exigente em sentimentos mais emocionais, mesmo que advindo de necessidades absolutamente racionais.

As subculturas digitais são a expressão real de um novo patamar de interferência e defesa das marcas por mulheres, jovens e netizens (cidadãos da internet) evolutivamente sendo empoderados. Se a sociedade transforma-se alucinadamente, o consumidor do presente e do futuro é sensível aos esforços mercadológicos completamente diferentes de como acontecia até bem poucos anos atrás. O mundo digital gerou um mercado conectado e os consumidores se organizam em comunidades. As marcas tem que ter sua personalidade com muita responsabilidade e com códigos próprios. O envolvimento passa a ser mais importante do que a satisfação e a experiência, pois gera compartilhamento e engajamento.

A simplicidade do Marketing 4.0 converge para um UAU! Essa é supostamente a expressão que um cliente profere quando fica sem palavras frente a uma grande satisfação. O UAU é individual e mostra a experiência positiva de cada pessoa, porém é contagiante e desencadeado em rede. Muda a sociedade e muda o mercado por consequência. Pesquisar e estudar como chegar intencionalmente nesse ponto é chave para fincar os pés no futuro. O consumidor quer mais e mais ser tratado como ser humano e não como um vidro de conservas com padrões determinados pelos erros de avaliações equivocadas, que nós profissionais de marketing fizemos no passado.

Vale assistir:
https://www.youtube.com/watch?v=7Ax2CsVbrX0
Veja o caso de Jia Jang que por medo de rejeição frente às inúmeras negativas que recebeu para obter recursos financeiros para sua startup de tecnologia resolveu. Ele listou 100 pedidos absurdos para entender como lidar com o impossível e foi a campo. Porém, uma funcionária da lanchonete Krispy Krane frustrou sua missão. Ela o atendeu e ali surgiu o UAU!

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Seniorização nas empresas, simples opção ou decisão estratégica?


A palavra seniorização não está dicionarizada, mas tem seu uso cada vez mais utilizado e já é um neologismo na língua Portuguesa.  Seu significado - que poderia ser considerado o mesmo que envelhecimento - passou a ser expressão para sintetizar a acumulação de anos de experiência de um profissional cada vez mais valorizado nos quadros de colaboradores de uma empresa.

O mundo corporativo é cruel quando institui 10 anos como arquétipo do período de melhor validade profissional. Em breve análise, estipula-se que antes dos 30, o profissional está em formação e após os 40 entra em uma inevitável decadência. Não é raro “uma boa torcida de nariz” até para CEOs que ultrapassam os 50 anos. Seria algo como pressentir um perigoso aroma de naftalina em um executivo que começa a ser percebido equivocadamente como ultrapassado.

O mundo tecnologicamente modernizado parece não aceitar seus erros e desvios de análise conceitual. Ao invés de admitir uma falha nessa interpretação cronológica, corrige a interpretação errônea e cria mais um desses modismos de momento. Nesse cenário, os executivos seniores passaram a ter seus papéis revisados em organogramas e fluxogramas, pois por planos de demissão voluntária ou simples desligamentos, suas ausências tornaram-se uma ameaça à gestão de conhecimento. Cresce assim, a valorização ou comodismo em buscar nesse time quase expelido do mercado de trabalho, um suporte que os intitulam/rotulam conselheiros e assessores.

Mas não seria todo esse movimento uma enorme falácia? As agências de propaganda, que sempre foram ousadas e pioneiras em gestão de pessoas, estão inovando mais uma vez. Grandes representantes desse setor contratam em profusão estes profissionais de cabelos platinados para assegurar a eficiência de seus times. No time dos criativos, conseguem ser o diferencial dessa geração com raciocínio binário. A diferença da criação na mente humana surge da dúvida, do questionamento e não da certeza vapt-vupt de julgamentos ralos de redes sociais. Os compradores de mídia também precisam entender que os seniores tem competência para entender em profundidade audiência e não apenas interpretam planilhas. Os planners conseguem grandes soluções originais ou customizadas para as necessidades dos mais variados negócios, graças ao seu histórico vivencial e bem longe de soluções de gavetas ou de consultas inseguras aos livros que ainda são usados com postura universitária. Embora se fale muito do conceito de humanização, creio que só quem passou dos 50 tem mais facilidade para entender uma empresa como um ser vivo e em evolução. São profissionais que valorizam o estudo de sua cultura organizacional como algo similar aos exames de imagem que hoje descobrem qualquer enfermidade no corpo humano.


Nas rotinas desses seniores atuantes, surgem muitos elogios com as seguintes frases: “você tem sempre novas ideias” ou “você tem novas ideias todos os dias”. Nitidamente, estes são elogios que seguramente os envaidecem. Porém, devemos compreender como algo bem distante da genialidade iluminada. O mais provável é que essas novas ideias são muitos simples e apenas consequência de anos de boa experiência profissional acumulada e que  se concretizam em ações eficientes. Obviamente existem profissionais de variados níveis com competências e habilidades específicas. Banalizar a reinserção inteligente desse grupo no mercado de trabalho é uma difícil estratégia e os resultados da já comum seniorização podem ser surpreendentes.