terça-feira, 4 de junho de 2019

Credibilidade da informação, checar para não ser cúmplice

A internet tornou o mundo muito menor e também muito mais caótico por conta da facilidade de interação e da avalanche de informações. As redes e mídias sociais deram a cada indivíduo  o poder de comunicação global, e mais ainda propiciaram a possibilidade de cada um pautar a mídia e o impacto dessa quebra de paradigma no cotidiano é incalculável e até perigoso.

O poder que as redes sociais adquiriram em um sociedade hiperconectada faz com que um assunto sejaardentemente “triturado” e torna-se referência para todos veículos de comunicação, o que aumenta a sua repercussão e divulgação. A mídia não tem mais em seu modelo tradicional a prerrogativa de como as notícias são produzidas. Ao se assistir os principais telejornais fica claro o percentual de informações que trazem como fonte as redes sociais. Mas e a credibilidade? Com fica? Diz a lenda que se existe um grupo de três pessoas, a fofoca já se estabelece quando um deles se ausenta.

Orson Welles na CBS Radio
Boatos e fofocas não são novidades e são inerentes ao convívio social. As falsas notícias sempre foram utilizadas pela humanidade, inclusive, em guerras, eleições e em toda e qualquer disputa. Há mais de 80 anos Orson Welles disseminou pânico pelos EUA pela rádio CBS com “A Guerra dos Mundos”, uma ficção científica (baseado na abertura do romance de H. G. Wells) que acabou parecendo um noticiário. 

Porém, num mundo globalizado, virtualizado, digital, midiático, as informações voam em tempo real e sem limite de fronteiras. A facilidade de disseminação geraram uma situação nunca antes vista, abrindo espaço propício para mal intencionados e assim foi batizado com o termo fake news.

Atualmente, o controle da informação deixa de ser da imprensa e passa a ser do público. A opinião pública passou a ser modelada na internet e não mais na opinião publicada. A informação que sempre foi valiosa, tornou-se um dos bens mais preciosos da atualidade. Ter informação é ter poder. Este é um trabalho enorme que nos consome cotidianamente. Ou checamos o tempo todo tudo que nos chega sem até percebermos, ou seremos tolos e reféns de uma massa enorme de gente com caráter duvidoso e interesses escusos. Tentei alertar amigos e contatos que tenho um afeto, mas desisti. A maioria entra na onda e surfa de mãos dadas com a mentira e a ilusão. Fazer o que? Triste, não é?

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Faça da Rede, uma Mídia Social

No início do Século XXI, as redes sociais foram o grande salto da disseminação de um mundo tecnológico, socialmente falando. A febre inicial do extinto Orkut fez com que milhões de pessoas começassem a interagir freneticamente. Não podemos esquecer daqueles iniciados que já traziam na bagagem o ICQ e o MSN Messenger.

O conceito de Mídias Sociais e até Mídias Digitais surgem com o uso corporativo e de negócios nestas plataformas e também como um meio de comunicação eficaz para as mais atualizadas estratégias de marketing. Toda essa revolução deu até “um nó” nos estudiosos de Teoria da Comunicação. Enfim, até hoje não se chegou a uma conclusão se falamos em ações de massa ou dirigidas. Fato é, que qualquer empresa, de qualquer tamanho e segmento não pode estar fora do grande universo digital. A luta é enorme também pela qualidade das informações, já que a facilidade de publicação de conteúdos gera uma falsa sensação de um “vale tudo” sem fim. Uma mídia social nada mais é do que o nome que as empresas utilizam para a comunicação com seus clientes e pessoas em geral. É a chamada nova mídia. Essa comunicação acontece por meio do FacebookTwitterLinkedIn e Instagram, dentre outras redes sociais.

            Não é porque você é um “heavy user” em seus perfis que o torna apto para trabalhar com competência para uma empresa. Existem profissionais muito bons e que se especializam nesse nicho crescente de “comunicação com o mercado”. Sou entusiasta e não consigo mais imaginar um plano estratégico de comunicação de MKT que não use a “nova mídia”. Porém, marketing é marketing e estará acima de todas estratégias. Pensar estrategicamente, planejar corretamente ainda é absolutamente orientador na execução destas ações digitais. Esse conjunto tem que estar sintonizado e só assim gerará resultados. Muitos erros e amadorismo estão travestidos de empáfia e arrogância de quem se acha autossuficiente em uma sociedade que se transforma a cada minuto. Adoro me sentir um aprendiz.

Vou listar algumas dicas que são mais pontos de reflexão e cuidados a serem tomados rotineiramente. Antes de qualquer coisa, não se meta a elaborar nada se você não tiver muito claro como um negócio ou organização se classifica. Antes das dicas, eu passo aqui conceitos que você precisa estudar e dominar para seguirmos em frente. Não é essa sua área de formação? Faltou em aulas importantes na faculdade? Então anote e pesquise. Hoje isso é bem fácil. Não tem como entender a sociedade capitalista que vivemos se você não souber no básico o que foi a Revolução Industrial. E olha que isso aconteceu bem antes de se falar em mercado e o seu indispensável estudo: a mercadologia (marketing).

Você fala com quem nas suas postagens e publicações? Domine a diferença de abordagem clara entre a comunicação B2C (business to consumer) e a B2B (bussiness to business). A primeira claramente fala sobre produtos que as pessoas compram para seu uso direto ou seja: a empresa e seu consumidor de produtos e serviços. A segunda fala da relação entre a empresa e os insumos, matérias primas e serviços que adquirem para seu funcionamento. De cara a primeira diferença é a quantidade de pessoas que vamos conectar.

Entender os diversos tipos de bens e serviços também são pilares para entendimento dos negócios. As empresas também tem variáveis importantíssimas. Elas podem ser públicas, privadas ou mistas. Podem ser multinacionais ou regionais. O tamanho também rege a abordagem, pois existem as microempresas, as de pequeno porte, as de capital aberto ou fechado entre outras. Empresas são como pessoas e tem comportamentos e necessidades específicas. O meio é o mesmo, mas a utilização corporativa desses revolucionários espaços digitais é muito diferente do que postamos em nossos perfis pessoais de qualquer rede social.

Vivenciei a rotina de algumas empresas em termos de comunicação digital e observo muitas outras (com erros e acertos) graças a minha postura observadora. Não tenho pretensão de ser “o dono da verdade”, mas consegui com isenção fazer uma lista de pequenas dicas. Atendo assim alguns pedidos de aconselhamento. 

Dicas:

1.   Considerando especificações de diferentes empresas, cada plataforma pode ser usada da maneira que melhor capitalize em resultados. O Twitter é perfeito para transmitir mensagens rápidas, curtas e que podem ter um grande alcance. As famosas hashtags são capazes de deixar um assunto em evidência, e ainda fazer com que outros usuários tenham acesso a ele. Corporativamente são a base de negócios que precisam atualizar a cada instante informações. Empresas de transporte em geral, desde companhias aéreas até de transporte urbano usam muito bem e chegam até ser o principal interface com seus públicos. Por outro lado, ao pensar em imagem de marca ou até o famoso B2B, seguramente o Twitter não será o principal meio a ser escolhido.

2.   O LinkedIn é bem focado. É muito utilizado para troca de contatos profissionais. No começo, as empresas divulgavam seus serviços e iam buscar pessoas para suas equipes, quando necessário. Existem críticas que o classificam como “batalha de egos” e até “vitrine de vaidades”. Há dois anos, eu pude conhecer mais de próximo a plataforma e fiquei maravilhado. Não há vida longa aos perfis fakes, pois não se consegue estabelecer uma rede. Individualmente, as pessoas precisam ter parâmetros reais de conexão. Os elos se formam em grande maioria por relações profissionais ou do passado acadêmico de cada um. Em estratégia, eu diria ser o oposto do Twitter, visto que a comunicação pode se dar por textos mais longos e opinativos. É o meio ideal para o B2B.

3.    O Facebook continua o meio mais popular de todos, apesar de ter perdido muitos usuários no Brasil e em todo mundo. É uma plataforma com a qual as pessoas mantêm um perfil com uma determinada rede de relacionamentos, onde postam fotos, notícias, enfim, tudo aquilo que acham interessante compartilhar. Existe uma grande diferença entre perfil pessoal e FanPage (páginas). A FanPage é destinada principalmente para empresas. Ali, os amigos são substituídos por curtidas, e essas curtidas variam de acordo com os conteúdos que estão sendo compartilhados no feed de notícias de seu negócio. Acontece de tudo no Facebook, mas é a rede que tem mais questionamento de credibilidade. Não podemos jamais desprezá-la. Chamada de “Terra de Ninguém” é como caminhar no meio do povão. Tudo pode acontecer e aí os bens de consumo de massa em todas sua vertentes reinam absolutos. O uso para endomarketing cresceu bastante com a sua variável “Workplace” que cria redes privadas.

4.    O Instagram tem uma dinâmica que se concentra nas postagens de fotos e promove interações como curtidas e comentários. Teve uma adesão inicial dos mais jovens e do meio artístico mais popular. Se uma empresa quer alcançar digitalmente mais pessoas é muito importante ter uma participação nessa rede social, que conquista uma relevância e aderência cada vez maior. Faça postagens periódicas divulgando imagens de produtos ou fazendo “chamadas” para que os usuários conheçam seus serviços e benefícios. Aqui é imprescindível um perfil atraente, de preferência com fotos profissionais. Hashtags? Recomenda-se usar uma média de 6 hashtags por legenda e que tenham o mínimo de relação com o seu conteúdo e divulgação. É a “bola da vez”.

5.    O WhatsApp, assim como o Instagram são de propriedade do Facebook. Fique atento, pois o cruzamento dos três são inevitáveis.

6.    Tenha seu negócio presente nas mídias sociais, e entenda o melhor foco, justamente para ter mais chances de receber respostas e feedbacks sobre seus conteúdos. Essa é a garantia de acertar mais nas estratégias de divulgação online e com isso garantir uma marca bem posicionada com um canal de comunicação eficiente de mão dupla (interatividade).

7.    Existem muitas empresas com milhões de seguidores orgânicos, o que não invalida campanhas e publicações patrocinadas. Os mecanismos que viralizam conteúdos são muitos. Não fique ansioso! Tenha segurança no crescimento corporativo de seu negócio. Isto sim é importante.

8.    Se você tem poucos seguidores para sua empresa, não fique apavorado. Pense no universo de seu interesse e veja sua atuação percentual. Não seja jamais o primeiro a curtir. Retenha seu entusiasmo e o de sua equipe. Nada mais tosco do que ver as pessoas comentando nessas postagens por “livre e espontânea pressão”. Chega a ser patético. Pensem nas outras áreas da empresa e na concorrência... Eles sabem quem é você. Imagine você ir a casa de alguém e a pessoa ficar elogiando o jantar que ela mesmo fez. Chato, né?

9.    Reafirmo. Estude! Pesquise! Se profissionalize ou chame profissionais competentes para fazer isso por você. Tenha perfis com postagens interessantes, boas campanhas de publicidade e sabendo se posicionar estrategicamente. Certamente, os seus públicos estarão muito mais abertos a receber seus conteúdos e estabelecer uma comunicação efetiva. Não esqueça que existem os blogs e também o Youtube quem impera convergência de tudo no formato de vídeos.

É difícil restar empresas que não estejam no ambiente online por conta da proporção enorme que a internet tem a cada dia! Então esteja presente nos canais certos e aumente sua participação no mercado. Pensar em marketing profissionalmente nas redes sociais pode ser o que falta para o seu negócio deslanchar!

Rubens Alves Júnior, publicitário, dramaturgo e executivo de comunicação e marketing

domingo, 31 de março de 2019

Papo chato e gente sem noção.

Jurei que não iria falar sobre o tema. Peço respeito pela área de comentários e rogo que não vire uma arena de gladiadores extremistas. Em março de 1964, eu tinha quase 2 anos, porém até 1985 eu pude comprovar, ouvir e até sentir o medo inerente a esse período da história brasileira, seja lá como você queira chamar.
Às vezes, não entendemos a afinidades com as pessoas. Conheci em 1987, o grande poeta de Curitiba. Em umas três caronas pude ouvir de sua própria alguns depoimentos que hoje são públicos. Quando penso em 2019... ressurge a afinidade e retrataria igualmente os nossos dias de tolices toscas e de uma população que transformou ao meu ver a política em torcidas de futebol organizada... o que requer muita paixão e nenhuma razão.
Paulo Leminski caçoava da ditadura – o lema “Brasil, ame-o ou deixe-o”, por exemplo, foi transformado em “ameixas/ ame-as/ ou deixe-as”. Suas piadinhas infames diziam que não se deixariam levar pelo medo. Ao mesmo tempo, o vazio de seus poemas, a falta de assunto, a necessidade da brincadeira como forma de sobrevivência, também diziam que não era o Estado ordenar para se ser feliz. De outro lado, sacaneava também a esquerda resistente. Para ele, aqueles ideais não faziam mais sentido e ter planos para o futuro era inconcebível para uma nova geração. 

domingo, 17 de março de 2019

Redes Sociais, qual é a culpa?

Muitas pessoas vociferam e culpam as redes sociais pelas mazelas que passamos. Eu fico um pouco apreensivo e como um profissional da área de comunicação, não consigo crucificar e muitos menos sentenciar as redes sociais negativamente. Teoricamente, os comunicólogos tiveram que rever os conceitos teóricos com a evolução do mundo digital. Mas, o fato é que as redes sociais e principalmente o conceito de mídias sociais repetem o momento de críticas de TV e Rádio, quando se tornaram novidade em função de jornais e revistas que os antecederam.

A surpresa é realmente esse julgamento de ferramentas que compartilham e divulgam informações. A interatividade e agilidade faz nos viver um momento que gera exaustão na sociedade. E talvez seja essa a sensação que induz ao erro de esquecer os reais culpados (se é que existem). A grande culpa é do ser humano. Fakenews e hoax são apenas boatos, calúnias ou simplesmente fofocas turbinadas pela tecnologia nossa de cada dia. Se alguém leva uma facada, a culpa é da faca? Se alguém é alvejado por uma arma de fogo, a culpa é da arma? Se alguém é atropelado, a culpa é do carro? Não. Jamais. Tem sempre um ser humano por trás. 

Quem deixa um desafeto frequentar sua casa. Quem deixa se contaminar por falatórios maldosos sofrerá consequências. 

O Facebook se tornou um ambiente digital popular e populoso, além de ser uma terra de ninguém.  Não gosto de aglomerações e muitas vezes a vida me obriga a transitar por lugares que não gosto e até são perigosos. Mas, nesse “mundão de meu Deus”, a minha postura é a mesma. Só entra na minha vida quem conheço e só respeito quem me respeita. Cada qual que se responsabilize por aquilo que publica.

O Twitter é um verdadeiro haikai da era digital. Mudou muito da sua concepção inicial de 144 caracteres, porém por sua estrutura de conteúdo mais enxuto, às vezes consegue ser meio danoso. Confesso que ali sou de muita observação e pouca publicação.

O Instagram há pouco tempo abriu suas fronteiras para além adolescência e hoje cresce para todas as idades. Tenho achado bem bacana e muitas fotos são interessantes. Percebo ali um plus de vaidade.

Não podemos esquecer os stories. As pessoas ainda se lambuzam por ali sem saber bem a utilização. Não sei, mas parece que deverá saturar rapidamente.

LinkedIn. Sou fã total. Tem bobagem e vaidade por ali? Ah! Tem. Mais bem menos. A possibilidade de perfis fakes é quase impossível. Sua história profissional, personalidade e depoimentos são a vitrine que você efetivamente. Mentira por ali é rapidamente descoberta.

O WhatsApp fecha o quadro de dados cruzados com Facebook e Instagram por serem de uma mesma empresa. Ou seja, se alguém está em uma, provavelmente estará em todas. Uma rede já sugere o contato da outra.

É urgente que as pessoas repensem. A informação que antes demorava dias ou meses para ser disseminada, agora é instantânea. Pense bem. Parafraseando Exupéry: “tu te tornas eternamente responsável, por aquilo que publicas ou compartilhas”. No mais, sempre será o ser humano responsável por tudo. Vamos fazer o mundo melhor? Essa era a antiga questão. Agora vale: vamos tornar o mundo digital melhor?