domingo, 18 de agosto de 2013

Caminhando e escrevendo


Escrever é algo orgânico para mim. É bem curioso e desde muito cedo lembro de gostar de escrever. Cartas, redações na escola, poemas, contos, discursos, anúncios publicitários, relatórios, bilhetinhos e até organizar meus pensamentos... tudo sempre foi melhor escrevendo!

A dramaturgia está presente nas minhas produções há uns 17 anos, no ano passado tive a emoção de ver ENTRE RIOS tomar corpo nos palcos. Um projeto grandioso construiu a possibilidade virar uma montagem de grande porte (http://rubensjr.ato.br/entrerios) e em breve será concretizada.

Senti a necessidade de criar uma história menos conceitual e recheada de um realismo contagiante. Quis escrever uma história dessas que as pessoas se identificam, são tocadas,

Lisboa
choram, ficam incomodadas, choram. Quis criar personagens daqueles que parecem com todo mundo e até com nós mesmos. Tracei um argumento em uma única folha de papel e coloquei na mala de uma viagem de férias eminente. O único destino acertado era Lisboa. Eu sabia que por ficar um período longo por lá eu fatalmente iria para outros locais, porém o destino inevitável era Lisboa. Resgate pessoal e familiar que eu tinha que encontrar. Eu sabia que em algum momento o novo texto aconteceria e seria redigido.

Trem Porto-Lisboa
Alguns dias passaram e não tinha motivação e nem tempo para escrever, afinal.... férias é bom para a cabeça relaxar. Fui para o norte de Portugal e alguns dias por lá... senti que iria começar a qualquer momento. No trem voltando a capital Portuguesa, eu comecei a escrever. E contrariando tudo que já fiz... o título saiu. Afinal, eu estava A CAMINHO DE LISBOA. Em cerca de duas horas,  as três primeiras cenas estavam prontas. Vou ao encontro de meu anfitrião e propus ler este início de criação. Li. Perplexo, o meu amigo questionou se tinha escrito durante a viagem de trem. Respondi que sim. Calado ele ficou curioso ao extremo e me enchendo de elogios quis saber como a história continuava. Expliquei para onde os fatos caminhavam e ele continuou com elogios.

Eu tinha ansiedade por terminar o texto, mas eu já estava com passagens para Madri. As férias continuavam e eu não imaginava como seria meu processo de criação. Durante duas
Ruas de Madri
noites entre uma saída e outra, entre copos de sangria, sanduíches de jámon e tortillas... escrevi mais duas cenas. Ainda em Madri, eu lembrei de algo fantástico. A volta para São Paulo significava 9 horas de voo diurno. Perfeito. Não poderia ser melhor.

Já dentro do avião... o universo conspirava. Em um bloco de 4 passageiros, eu estava sozinho. Serviço de bordo. Um filmezinho para descontrair e.... quase 2 horas voando... Pensei então: vamos lá! Foram cinco horas ininterruptas. Que sensação de prazer ver cenas sendo montadas e os conflitos entre personagens definidos. Desembarco e uma cena concluiria o texto.

Aguardei uns dois dias para me livrar do “jet lag“ e em menos de uma hora... o texto finalizado. E o mais divertido. Acabando de chegar eu tinha nas mãos A CAMINHO DE LISBOA eternizado. Diretor convidado, elenco escolhido e agora é fato... dia 13 de setembro, e apenas três após a citada viagem de trem e a estreia acontecerá. Um aprendizado enorme e pela primeira vez meu fluxo criativo foi controlado, domado e conduzido. Escrever é orgânico, porém tenho certeza agora de que também esse prazer só meu pode ser produtivo sempre. Que venham outros caminhos e outros textos.

https://www.facebook.com/a.caminho.lisboa