A palavra seniorização não está dicionarizada, mas tem seu
uso cada vez mais utilizado e já é um neologismo na língua Portuguesa. Seu significado - que poderia ser considerado
o mesmo que envelhecimento - passou a ser expressão para sintetizar a
acumulação de anos de experiência de um profissional cada vez mais valorizado
nos quadros de colaboradores de uma empresa.
O mundo corporativo é cruel quando institui 10 anos como
arquétipo do período de melhor validade profissional. Em breve análise,
estipula-se que antes dos 30, o profissional está em formação e após os 40
entra em uma inevitável decadência. Não é raro “uma boa torcida de nariz” até
para CEOs que ultrapassam os 50 anos. Seria algo como pressentir um perigoso
aroma de naftalina em um executivo que começa a ser percebido equivocadamente
como ultrapassado.
O mundo tecnologicamente modernizado parece não aceitar seus
erros e desvios de análise conceitual. Ao invés de admitir uma falha nessa
interpretação cronológica, corrige a interpretação errônea e cria mais um
desses modismos de momento. Nesse cenário, os executivos seniores passaram a
ter seus papéis revisados em organogramas e fluxogramas, pois por planos de
demissão voluntária ou simples desligamentos, suas ausências tornaram-se uma
ameaça à gestão de conhecimento. Cresce assim, a valorização ou comodismo em
buscar nesse time quase expelido do mercado de trabalho, um suporte que os
intitulam/rotulam conselheiros e assessores.
Mas não seria todo esse movimento uma enorme falácia? As
agências de propaganda, que sempre foram ousadas e pioneiras em gestão de
pessoas, estão inovando mais uma vez. Grandes representantes desse setor
contratam em profusão estes profissionais de cabelos platinados para assegurar
a eficiência de seus times. No time dos criativos, conseguem ser o diferencial
dessa geração com raciocínio binário. A diferença da criação na mente humana
surge da dúvida, do questionamento e não da certeza vapt-vupt de julgamentos
ralos de redes sociais. Os compradores de mídia também precisam entender que os
seniores tem competência para entender em profundidade audiência e não apenas
interpretam planilhas. Os planners conseguem grandes soluções originais ou
customizadas para as necessidades dos mais variados negócios, graças ao seu
histórico vivencial e bem longe de soluções de gavetas ou de consultas
inseguras aos livros que ainda são usados com postura universitária. Embora se
fale muito do conceito de humanização, creio que só quem passou dos 50 tem mais
facilidade para entender uma empresa como um ser vivo e em evolução. São
profissionais que valorizam o estudo de sua cultura organizacional como algo
similar aos exames de imagem que hoje descobrem qualquer enfermidade no corpo
humano.
Nas rotinas desses seniores atuantes, surgem muitos elogios
com as seguintes frases: “você tem sempre novas ideias” ou “você tem novas
ideias todos os dias”. Nitidamente, estes são elogios que seguramente os
envaidecem. Porém, devemos compreender como algo bem distante da genialidade
iluminada. O mais provável é que essas novas ideias são muitos simples e apenas
consequência de anos de boa experiência profissional acumulada e que se concretizam em ações eficientes.
Obviamente existem profissionais de variados níveis com competências e
habilidades específicas. Banalizar a reinserção inteligente desse grupo no
mercado de trabalho é uma difícil estratégia e os resultados da já comum
seniorização podem ser surpreendentes.