quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Borges, você me perdoa?


Será que estou ficando maluco? Ou será que sempre fui? Lembro que ainda na faculdade ouvi falar de seu nome. E li um texto seu no livro “PRÓLOGOS COM UM PRÓLOGO DE PRÓLOGOS”. Simbolicamente, uma professora me presenteou com esse seu livro e como sempre ávido por bons textos quis conhecer “o tal escritor argentino e cego”. Essa professora, que já era sua admiradora, falava de sua maneira peculiar, simples e bem humorada de falar da morte. Sabe querido mestre... (gosto de imaginá-lo assim e isso não é novidade, afinal aprendi com você a conversar com autores e personagens mitológicos) também penso que meus textos são autobiográficos. Aliás... agora são nossos textos, não? Desculpe-me, mas não pude perder a piada.

Ah mestre... e agora? Tantos textos eu escrevi. E quis o destino que justamente um texto para um grupo que participo como ator tivesse que revisitar sua produção e sua vida! Sabe aquele fluxo criativo que sentimos quando estamos criando? Pois bem, quando bati o ponto final após elaborar nove cenas para um texto teatral... senti o quanto sua influência me guiou durante esses tantos anos. O texto estava pronto conforme me havia sido demandado, faltava um título, dizem que dificilmente os títulos são criados por quem escreve um texto. A querida diretora de grande sintonia em nossas conversas, que solicitou esse trabalho sugeriu “ENTRE RIOS”. Não poderia ser mais perfeito. Uma síntese de nossas conversas. Acho que ela já ouviu algumas delas.

Quando começamos a criar e ensaiar a peça, cada uma de nossas palavras (as minhas e as suas) estavam mais mágicas do que nunca. Mas ontem... ah ontem... por um momento em que presente e vivo no palco como ator, eu ouvia atores empenhados num processo digno de sua grandeza, a emoção ficou mais forte! Nesse momento senti que precisamos ficar um pouco distantes! Não esquecerei de nada do que já conversamos, porém como ator faz-se necessário. Ainda não é o momento de “restar só palavras”. ENTRE RIOS pede ação! E assim Borges... Vamos ficar sem conversar um pouco. Pode assistir nossos ensaios. Não tem problema. Muitos “Seres Imaginários” estão sempre pelo teatro e serão umas excelentes companhias. Mas fica “quietinho”, ok? O Rubens ator precisa agir e não podemos conversar. Se não gostar de algo, me fale após a última sessão no dia 29 de novembro. Por favor, me perdoa se conduzi algo que não tenha gostado. E como você diria... “leiam outros autores”! Obrigado mestre, suas palavras me ensinaram e continuam me ensinando muito. Até breve!

3 comentários:

Jorge, Thiago disse...

As melhores leituras são aquelas que conseguimos travar mais que um diálogo com o autor, mas uma verdadeira simbiose. Passamos a viver as experiências (oriundas desse fluxo criativo) de outro... somos diferentes, mas os mesmos, porque o leitor cria, distorce e absorve o que é lido. As personagens se transformam em nossos amigos, os cenários passam a girar ao nosso redor e o ritmo do discurso passa ditar as batidas do nosso coração.
Ser leitor de Borges é uma das maiores experiências que alguém pode se propor a viver!
Parabéns pelo texto, emocionante!

Robson Farias disse...

Não Li Borges, ainda, mas seu texto me deixou muito curioso. Depois de assistir sua peça me dedicarei aos livros.

Grande abraço.

Anildes disse...

Também estou curiosa para conhecer mais o Borges, seu texto é exemplar e a sua peça deixou algo de mágico no ar!

Parabéns pelo texto e pela peça!
Você com sua sensibilidade e bom gosto nos presenteou com uma apresentação maravilhosa!